O PESO DA MORTE, por Flávia Longo e Igor Johansen

O fato de um ser humano viver em média 70 anos é uma conquista recente na História. Esta é uma média global, sendo que ainda existem grandes diferenciais entres os países no mundo. Em 2012, um menino nascido no Japão tinha como expectativa de vida média 80 anos e uma menina, 87 anos. Por outro lado, em países da África subsaariana, uma criança nascida naquele mesmo ano, independentemente do sexo, teria como esperança de vida em média não mais que 55 anos (OMS, 2014 – WHO em inglês). No Brasil, a expectativa de vida ao nascer em 2012 era de 74,6 anos. Para os meninos, 71 anos; para as meninas, 78,3 anos (IBGE, 2013).

Após a II Guerra Mundial (1939-1945), houve significativas melhoras na atenção à saúde: ampliação da cobertura de vacinação, campanhas de aleitamento materno e nutrição infantil, melhoria das condições sanitárias e, principalmente, avanços no campo da Medicina.

Todavia, ao mesmo tempo em que se avançou fortemente no controle das doenças infecciosas e parasitárias, passou-se a observar o crescimento das doenças cardiovasculares e de neoplasias, em um processo conhecido como Transição Epidemiológica. Nesse contexto, expandiram-se em importância as chamadas “doenças modernas”, condizentes com o novo estilo de vida dos países ocidentais no pós-guerra, trazendo para a rotina da população hábitos como o tabagismo, falta de atividade física, sobrepeso e dietas inadequadas. Como consequências tem-se, por exemplo, o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, que passam também a ser observados com cada vez maior frequência em crianças.

O estudo de Olshansky et. al (2005) aponta que é provável que as atuais gerações de crianças sejam as primeiras a ter uma expectativa de vida menor que a de seus pais. Isso ocorre devido às condições de saúde a que estão expostas, principalmente o aumento do sedentarismo e a alimentação inadequada.

Para prevenir a obesidade infantil é importante adotar medidas apropriadas como atenção sobre a dieta na infância desde o nascimento, além de se investir mais em programas de educação passíveis de serem aplicados no nível primário de saúde e nas escolas. Um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2009) aponta que ações exercidas durante a primeira infância (primeiros sete anos) impactam todo o ciclo de vida de uma pessoa.

Para saber mais sobre esse assunto, sugerimos que vejam o documentário brasileiro “Muito Além do Peso” (2012). A problemática desenvolvida no filme nos valeu a reflexão enquanto estudantes de Demografia, especialmente sobre o impacto dos hábitos alimentares sobre a dinâmica populacional, tanto no que diz respeito à morbidade (com o aumento de doenças como diabetes e hipertensão), quanto à mortalidade, ao passo que essas doenças podem culminar na ocorrência de mortes precoces.

 

Flávia Longo é mestranda no Programa de Pós-graduação em Demografia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Contato: longo.fla@gmail.com

Igor Johansen é doutorando no Programa de Pós-graduação em Demografia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Contato: igor@nepo.unicamp.br

 

Ficha técnica

Lançamento 16 de novembro de 2012 (1h24min)
Dirigido por Estela Renner
Gênero Documentário
Nacionalidade Brasil

 

Assista ao documentário completo aqui:

 

Referências

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2013. Comunicação Social, 02 de dezembro de 2013. Disponível em: http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2528

OLSHANSKY, S. J. et al. A potential decline in life expectancy in the United States in the 21st century. New England Journal of Medicine, v. 352, n. 11, p. 1138-1145, 2005.

UNITED NATIONS CHILDREN’S FUND (UNICEF). Situação mundial da infância – Celebrando 20 anos da Convenção sobre os Direitos das Crianças. New York, 2009. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/sowc_20anosCDC.pdf

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO), 2014. World Health Statistics 2014 (Full Report). Disponível em: http://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/2014/en/

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